Pequenas notas do Livro Deus e os filósofos de Keith Ward que anda a volta da crença de Deus, das correntes filosóficas e da ciência.
Factos da ciência e as crenças da religião
Rezar sem acreditar em Deus.
Metafísica teológica ou académica
Metafísica teológica ou académica
· Raciocínio abstracto sobre a quantidade ou o número? – Não.
· Raciocínio experimental sobre os domínios do facto e da existência? – Não
David Hume ( 1711-76) – Uma pesquisa sobre a compreensão humana.
Hegel e Whitehead – livros atirados as chamas.
Tudo o que resta é a matemática e o raciocínio experimental, os dois alicerces que suportam firmemente o método cientifico.
Hume estava consciente do paradoxo que acabava de criar. Se alguém concordasse com aquela afirmação, mas aceitou por completo o paradoxo. Não conseguia compreender de forma alguma, a ideia de uma substância contínua, mas ainda assim acreditava que as árvores, as cadeiras e as casas continuavam a existir.
Iluminismo – A época histórica europeia em que os filósofos rejeitaram a autoridade religiosa e colocaram a Razão no lugar de Deus, como autoridade suprema que conduziria a paz e tolerância universais. Este quadro não é inteiramente correcto.
Defende Keith Ward que o Racionalismo, a crença de que existe uma razão para tudo e de que a podemos descobrir através do raciocínio, não é, de modo algum, anti-religioso. Na verdade, todas estas pessoas ( Descartes, Leibniz e Espinosa – XVII e XVIII) pensavam que podiam provar a necessária existência de Deus. É muito natural que um racionalista pense que todo o Universo é produto da Razão, e que é essa Razão senão Deus.
Conclui o autor:
Assim, não é o racionalismo que desgasta a crença em Deus. É precisamente a falta de confiança na Razão que o faz.
David Hume não era um racionalista, apesar de ser uma das maiores figuras do Iluminismo. Era alguém que pensava que a Razão é a “escrava das paixões”, incapaz de provar o que quer que seja.
Nem mesmo Hegel foi o tipo de racionalista por que muitas pessoas o tomam. Apesar de dizer: “ O real é o racional e o racional é real” Mas o mais importante para Hegel, comprender é aprender as coisas através de conceitos, enquanto a Razão é uma faculdade muito mais imaginativa e intuitiva, capaz de conciliar as contradições geradas pela Compreensão, na sua tentativa de pensar a realidade fundamental.
A batalha trava-se entre um cepticismo perante a Razão, que acabou por se confirmar rigorosamente no mundo da observação experimental.
Ironicamente, os dois tipos de cepticismo: um quanto aos resultados da Razão, se limita estritamente à observação empírica, e o outro que não é tão céptico relativamente às limitações da Razão que pode declarar alegremente que “ o coração tem razões que a Razão desconhece” (Blaise Pascal (1623-62) – Pensées).
Pascal é o vencedor em matéria de cepticismo: A Razão não nos pode dizer para nos restringirmos à observação experimental, nem nenhuma outra coisa o pode fazer – especialmente porque, mesmo ao tomarmos esta decisão, não nos podemos fiar em quaisquer experiências.
Mas comentará Kant: A renúncia ao conhecimento cria realmente espaço para a fé. Diz o autor: se tivermos a paixão da fé, por que não a havemos de seguir?
Kant confina 0 conhecimento à experiência e à experimentação. O problema é quando se avança mais… Talvez não se possa viver sem nenhuma delas, uma vez que a ciência nos permite melhorar a Natureza ao ponto de preencher todas as nossas necessidades sem o recurso à fé. Por palavras mais simples, rezar pela ferilidade das colheitas pode ajudar, mas o fertilizante é mais eficiente.
Francis Bacon ( 1561-1626) : a morte da metafísica
Um dos grandes pioneiros na formulação de uma nova abordagem científica da Natureza, escreveu em Proficiência e Avanço da Aprendizagem (1605) que a ciência, ao contrário da filosofia, proporcionava conhecimento cumulativo que era útil para “o alívio da condição social do homem”. A filosofia apenas parece oferecer discussões intermináveis, sem nada que satisfaça a fome e a sede. A ciência estava destinada à vitória. Trazia concórdia, um aumento crescente no conhecimento e, mais tarde, as máquinas a vapor e a televisão, os autoclismos e o pão fatiado.
O raciocínio experimentalista deixa a Natureza despersonalizada, despida de todos os sinais de uma personalidade subjacente, quer sejam deuses gregos, o Deus hebraico, o Motor Imóvel de São Tomás de Aquino ou o Espírito hegliano.
Ayer e as afirmações sobre Deus eram desprovidas de conteúdo. Apesar de estar disposto a considerá-las teorias explanatórias e, por isso, dotadas de sentido, não pensava que elas conseguissem explicar realmente alguma coisa. Se explicarmos um acontecimento, talvez uma trovoada, dizendo “ foi Deus”, não explicamos de facto nada. Enquanto hipótese científica Deus é perfeitamente inútil.
Hipóteses científicas e questões existenciais
Talvez Deus não esteja destinado a uma hipótese científica.
A visão tradicional da Natureza estilhaçada por dois grandes golpes:
Isaac Newton, apesar de ser um crente devoto em Deus, eliminou o propósito da Natureza e submeteu-a a leis impessoais absolutas. Outros lembraram Deus o grande planeador, o relojoeiro cósmico, que tinha dado corda ao Universo.
Charles Darwin – explicou a evolução como um processo de selecção natural que fez com que toda a existência de seres humanos passasse a ser vista como um acidente a escala cósmica, como resultado de milhões de mutações aleatórias, seleccionada pela competição implacável, à custa de milhões de extinções, e de um sofrimento e morte quase universal.
· Raciocínio experimental sobre os domínios do facto e da existência? – Não
David Hume ( 1711-76) – Uma pesquisa sobre a compreensão humana.
Hegel e Whitehead – livros atirados as chamas.
Tudo o que resta é a matemática e o raciocínio experimental, os dois alicerces que suportam firmemente o método cientifico.
Hume estava consciente do paradoxo que acabava de criar. Se alguém concordasse com aquela afirmação, mas aceitou por completo o paradoxo. Não conseguia compreender de forma alguma, a ideia de uma substância contínua, mas ainda assim acreditava que as árvores, as cadeiras e as casas continuavam a existir.
Iluminismo – A época histórica europeia em que os filósofos rejeitaram a autoridade religiosa e colocaram a Razão no lugar de Deus, como autoridade suprema que conduziria a paz e tolerância universais. Este quadro não é inteiramente correcto.
Defende Keith Ward que o Racionalismo, a crença de que existe uma razão para tudo e de que a podemos descobrir através do raciocínio, não é, de modo algum, anti-religioso. Na verdade, todas estas pessoas ( Descartes, Leibniz e Espinosa – XVII e XVIII) pensavam que podiam provar a necessária existência de Deus. É muito natural que um racionalista pense que todo o Universo é produto da Razão, e que é essa Razão senão Deus.
Conclui o autor:
Assim, não é o racionalismo que desgasta a crença em Deus. É precisamente a falta de confiança na Razão que o faz.
David Hume não era um racionalista, apesar de ser uma das maiores figuras do Iluminismo. Era alguém que pensava que a Razão é a “escrava das paixões”, incapaz de provar o que quer que seja.
Nem mesmo Hegel foi o tipo de racionalista por que muitas pessoas o tomam. Apesar de dizer: “ O real é o racional e o racional é real” Mas o mais importante para Hegel, comprender é aprender as coisas através de conceitos, enquanto a Razão é uma faculdade muito mais imaginativa e intuitiva, capaz de conciliar as contradições geradas pela Compreensão, na sua tentativa de pensar a realidade fundamental.
A batalha trava-se entre um cepticismo perante a Razão, que acabou por se confirmar rigorosamente no mundo da observação experimental.
Ironicamente, os dois tipos de cepticismo: um quanto aos resultados da Razão, se limita estritamente à observação empírica, e o outro que não é tão céptico relativamente às limitações da Razão que pode declarar alegremente que “ o coração tem razões que a Razão desconhece” (Blaise Pascal (1623-62) – Pensées).
Pascal é o vencedor em matéria de cepticismo: A Razão não nos pode dizer para nos restringirmos à observação experimental, nem nenhuma outra coisa o pode fazer – especialmente porque, mesmo ao tomarmos esta decisão, não nos podemos fiar em quaisquer experiências.
Mas comentará Kant: A renúncia ao conhecimento cria realmente espaço para a fé. Diz o autor: se tivermos a paixão da fé, por que não a havemos de seguir?
Kant confina 0 conhecimento à experiência e à experimentação. O problema é quando se avança mais… Talvez não se possa viver sem nenhuma delas, uma vez que a ciência nos permite melhorar a Natureza ao ponto de preencher todas as nossas necessidades sem o recurso à fé. Por palavras mais simples, rezar pela ferilidade das colheitas pode ajudar, mas o fertilizante é mais eficiente.
Francis Bacon ( 1561-1626) : a morte da metafísica
Um dos grandes pioneiros na formulação de uma nova abordagem científica da Natureza, escreveu em Proficiência e Avanço da Aprendizagem (1605) que a ciência, ao contrário da filosofia, proporcionava conhecimento cumulativo que era útil para “o alívio da condição social do homem”. A filosofia apenas parece oferecer discussões intermináveis, sem nada que satisfaça a fome e a sede. A ciência estava destinada à vitória. Trazia concórdia, um aumento crescente no conhecimento e, mais tarde, as máquinas a vapor e a televisão, os autoclismos e o pão fatiado.
O raciocínio experimentalista deixa a Natureza despersonalizada, despida de todos os sinais de uma personalidade subjacente, quer sejam deuses gregos, o Deus hebraico, o Motor Imóvel de São Tomás de Aquino ou o Espírito hegliano.
Ayer e as afirmações sobre Deus eram desprovidas de conteúdo. Apesar de estar disposto a considerá-las teorias explanatórias e, por isso, dotadas de sentido, não pensava que elas conseguissem explicar realmente alguma coisa. Se explicarmos um acontecimento, talvez uma trovoada, dizendo “ foi Deus”, não explicamos de facto nada. Enquanto hipótese científica Deus é perfeitamente inútil.
Hipóteses científicas e questões existenciais
Talvez Deus não esteja destinado a uma hipótese científica.
A visão tradicional da Natureza estilhaçada por dois grandes golpes:
Isaac Newton, apesar de ser um crente devoto em Deus, eliminou o propósito da Natureza e submeteu-a a leis impessoais absolutas. Outros lembraram Deus o grande planeador, o relojoeiro cósmico, que tinha dado corda ao Universo.
Charles Darwin – explicou a evolução como um processo de selecção natural que fez com que toda a existência de seres humanos passasse a ser vista como um acidente a escala cósmica, como resultado de milhões de mutações aleatórias, seleccionada pela competição implacável, à custa de milhões de extinções, e de um sofrimento e morte quase universal.