quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Michel Giacometti


Michel Giacometti foi um etnomusicólogo corso que fez importantes recolhas etno-musicais em Portugal. Nasceu em 8 de Janeiro de 1929 na Córsega e morreu em 24 de Novembro de 1990 em Faro (foi sepultado na pequena aldeia de Peroguarda, no concelho de Ferreira do Alentejo. Giacometti interessou-se pela música popular portuguesa e em 1959 e veio viver para Portugal quando soube que tinha tuberculose. Fixou-se em Bragança ; fundou os Arquivos Sonoros Portugueses em 1960. Percorreu o país nas décadas seguintes, até 1982, tendo gravado cantores e músicas tradicionais que o povo cantava no seu quotidiano.

 Com Fernando Lopes Graça lançou a "Antologia da Música Regional Portuguesa", os conhecidos discos de sarapilheira, editados pela Arquivos Sonoros Portugueses em cinco volumes. No início de 1970, durante três a RTP apresentou o programa Povo que Canta, realizado por Alfredo Tropa.

O primeiro volume intitula-se "Cantos e danças de Portugal". Os seguintes dizem respeito ao "Minho", "Trás-os-Montes", "Beiras" e um último volume dedicado ao "Alentejo e Algarve". Açores e  Madeira em Antologia da Música Regional Portuguesa.



segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Que farei amanhã (aposentação)

Este foi um dos poemas com que terminei o meu livro intitulado "Véspera de uma aposentação" e o vídeo que se segue diz respeito ao poema:


Que farei amanhã (aposentação)

Amanhã,

talvez fique em casa ver a chuva cair

sem ter de ir ao emprego ou levantar mais cedo.



Amanhã,

talvez retire da estante um livro inacabado,

de leitura desatento, por falta e sobra de tempo,

o recoloque no lugar de antes, sem o ler, novamente!



Amanhã,

Talvez…

quando a Primavera chegar,

e madrugada irromper,

vou ver o Sol nascer;

e, se calhar, colher uma flor

e oferecê-la à criança que encontrar.



Amanhã,

talvez me lembre do tempo vivido,

ligue a um amigo ou envie um e-mail...

Amanhã,

talvez finja que vá trabalhar...

se me apetecer…diga que não é verdade!

Amanhã,

podem crer, é de vez: - saberei o que vou fazer.

Amanhã, amanhã ...

Talvez!...





Álvaro Dionísio

domingo, 8 de outubro de 2017

Poema "linha recta" de Fernando Pessoa por Osmar Prado em O Colono







O Clone é uma telenovela brasileira (2001) que me fascinou bastante pela temática (o risco da clonagem humana) e pela interpretação dos seus actores. É aqui que entra o actor Osmar Prado, no papel de Lobato, um toxicodependente recitando o poema “linha recta” de Fernando Pessoa numa representação fantástica de Lobato:

 “Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,

Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,

Indesculpavelmente sujo,

Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,

Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,

Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,

Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,

Que tenho sofrido enxovalhos e calado,

Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;

Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,

Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,

Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,

Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado

Para fora da possibilidade do soco;

Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,

Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.



Toda a gente que eu conheço e que fala comigo

Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu enxovalho,

Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...



Quem me dera ouvir de alguém a voz humana

Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;

Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!

Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.

Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?

Ó príncipes, meus irmãos,



Arre, estou farto de semideuses!

Onde é que há gente no mundo?



Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?



Poderão as mulheres não os terem amado,

Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!

E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,

Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?

Eu, que venho sido vil, literalmente vil,

Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

sábado, 7 de outubro de 2017


Boa tarde, boa noite, bom dia, conforme o ponto geográfico do Planeta Terra. há bastante tempo (alguns anos...) que deixei de escrever neste Blogger e que mesmo tem muitos visitantes! Agrada-me saber isso e então aqui vai um curto filme de um encontro de Fuzileiros; neste caso do 4º Destacamento realizado em 2008. Alguns dos nossos camaradas já partiram mas não foram esquecidos. Um abraço, Álvaro Dionísio.